ALVURAS
Contemos também os frescos lençóis e as colchas brancas, estes campos de malmequeres engomados onde o sono nem sonha.Cantemos os flocos das cortinas, as nuvens que adornam o céu de nácar, as dálias com seus colores de orvalho, e os mármores da porta, onde um raio de sol inscreve o dia.
Cantemos, cantemos estes ladrilhos cintilantes, e a claro esmalte por onde escorrem, tumultuosos, matinais jorros de água, de precipitada espuma.
Cantemos a faiança lisa, os guardanapos ofuscantes, e o perfumado arroz-doce, e o leite, e a nota, e o sal e o açúcar, e os punhos de Edite, lustrosos e duros como a louça, e seus dez dedos paralelos com umas belas unhas nítidas, que encrustam de cada lado da espelhante bandeja cromada cinco finas, tênues, alvas luas crescentes.
©Cecília Meirelesin Mar Absoluto, 1945
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