sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Alvuras

O Grupo X de Improvisação em Dança com treze anos de pesquisa na área da dança investe em problemáticas ligadas às Políticas de Acessibilidades e cria espaços para reflexões e discussões acerca das possibilidades do corpo enquanto construtor de conhecimentos. Dando continuidade à sua produção artística, apresenta os passos iniciais de sua atual montagem, a obra  "ALVURAS”, contemplada pelo EDITAL  YANKA RUDZKA, APOIO À MONTAGEM DE ESPETÁCULOS DE DANÇA NO ESTADO DA BAHIA, FUNCEB.
ALVURAS...! investigação iniciada em outubro 2011, é uma proposta que nos convida a dar um passeio em períodos históricos do Sec. XIX (fragmentos), focalizando inicialmente o maneirismo, o modo de se vestir e espetacularizar a vida e, consequente transposição para o Sec. XXI. Queremos encontrar nesse trânsito os rastros comportamentais que foram corporalizados e que ainda reverberam no corpo no mundo atual.
A noção de Corpomídia ( GREINER & KATZ, 2005), onde tudo que o corpo faz se relaciona a seu modo de interlocuções possiveis, e a dança que esse corpo constrói se encontra em sintonia com o seu modo de ver e se situar no mundo, irá colaborar de que a dança o corpo que dança engendram processos colaborativos como um lugar de troca e de reflexões que transitam pelo exercício investigativo de codependência.Ou seja, o corpo uma coleção de informações,parte de um processo coevolutivo que diz respeito a experiência sociais, biológicas, culturais, politicas, psicológicas que vão constituindo modos de relações e de interações diversas que se atualizam o tempo todo.
Assim pensado, nos leva a crer que o corpo apresenta vestígios dos diversos diálogos que foram engendrados no decorrer do tempo, consequentemente, uma corporalidade engajada em vivências e experiências humanas, que provocam estados corporais diversos na construção de subjetividades.
Do Sec. XIX alguns recortes serão necessários (não diminuindo a complexidade e riqueza que o constitui) para podermos seguir um rota dos diversos rastros, que provavelmente irão se dar a ver durante as investigações. No momento nos debruçamos olhando o maneirismo, a moda, a música, a disciplina imposta ao corpo que influenciaram e desencadearam organizações e ajustes no modo de construção do movimento e como, onde eles reverberam no mundo atual. O corpo disciplinado, fabricado e propositor são assuntos que serão aqui abordados trazendo para as dicussõs Michael Foucault e Daniel Dennett e a Teoria do Corpomidia, citada anteriormente.  
A ideia da proposta se situa em compor com os elementos/fragmentos do SEC. XIX, possíveis interlocuções utilizando para isso uma aparência estilizada, metaforizando os processos comportamentais da época e a tendência velada da hierarquização nos comportamentos relacionados aos gêneros (a mulher subordinada a desejos e transgressões), discussão que atravessa tempos.
Através de narrativa recortada e fragmentada, a temática a ser elaborara irá passear por diversos acontecimentos que deram destaque ao período percorrendo o campo do exercício da memória para dialogar com os diversos entrecruzamentos que irão permear a obra coreográfica. Passado, presente e futuro coexistirão em um mesmo ambiente operando rompimentos a cada instante de sua continuidade transformando e atualizando os sentidos para além do tempo.
Uma das ações do projeto é a oficina “Corpo Sonoro”, ministrada pela cantora Andréa Daltro e o compositor Ricado Bordini - Escola de Música/UFBA, que aproximará os participantes do processo de elaboração dos elementos de cena, seu acervo, figurino e na criação e composição artística de dança associada a tais elementos e figurino, segundo as proposições temáticas deste projeto. Tais oficinas e pesquisa corporal/dança, associadas, se utilizarão de materiais recicláveis como papelão, plásticos, latas, tecidos, saco de entulho, sacos plásticos brancos e pretos para no contexto da cena interferir no movimento, aliando-se a coreografia com sua textura, tridimensionalidade e sonoridade para compor as cenas do espetáculo.

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