sábado, 11 de agosto de 2012

Alvuras que atravessam os tempos...




"Os conceitos de tempo e de espaço surgem intimamente relacionados, não são só pelo papel que desempenham em relação ao conhecimento, mas, sobretudo, por uma questão de natureza eminentemente epistemológica, conforme o território científico a partir do qual são observados” (D’ALESSIO, 2007, p.09).

Os corpos que dançam cantam Alvuras expõem coleções de informações  que se modificam, se transformam e contaminam os espaços ambientes por onde transitam. Criam , através de seus deslocamentos e trajetórias de movimentos pelos cantos, salas, escadarias, cozinha, corredores e jardim, uma ambiente  fictício em sua estrutura organizacional, propício a múltiplas interpretações. Os tempos desse mundo, o corporal e o mecânico dialogam entre si para compor a dramaturgia de Alvuras. Imagens poéticas revelam situações não imaginadas e configuram o "espaço  entre" a partir dos acordos entre as diversas manifestações que estão ali reunidas em torno da obra. O amarelo da iluminação  atinge os corpos dos intérpretes transportando-os para outros lugares, estabelece canais de comunicações onde o passado, presente e futuro se reelaboram a cada instante durante o percurso itinerante da obra. Renovam a memória e trazem á tona o quanto os acontecimentos do  mundo contemporâneo se estabelecem por coimplicações, construídos pelas relações entre as pessoas, suas interpretações visuais e imaginárias no plano da cultura e das inscrições históricas (D’ALÈSSIO, 2007). Por isso mesmo,  atravessam o tempo e reverberam no mundo atual. Mesmo sem a presença corpórea dos acontecimentos do Sec. XlX, os rastros que os constituíram impulsionam  a memória corporal e instigam a revisitação de lugares sempre que nos deparamos com certas espacialidades, visualidades e as comunicações que ali confabulam. Surpreendem, comunicam e impulsionam outras visualizações e entendimentos complexos dos acontecimentos do mundo que alimentam a expressividade e os significados.

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