"Os conceitos de tempo e de espaço surgem intimamente relacionados, não são só pelo papel que desempenham em relação ao conhecimento, mas, sobretudo, por uma questão de natureza eminentemente epistemológica, conforme o território científico a partir do qual são observados” (D’ALESSIO, 2007, p.09).
Os
corpos que dançam cantam Alvuras expõem coleções de informações
que se modificam, se transformam e contaminam os espaços ambientes
por onde transitam. Criam , através de seus deslocamentos e trajetórias
de movimentos pelos cantos, salas, escadarias, cozinha, corredores
e jardim, uma ambiente fictício em sua estrutura organizacional,
propício a múltiplas interpretações. Os tempos desse mundo, o corporal e o
mecânico dialogam entre si para compor a dramaturgia de Alvuras. Imagens
poéticas revelam situações não imaginadas e configuram o "espaço
entre" a partir dos acordos entre as diversas manifestações que estão ali
reunidas em torno da obra. O amarelo da iluminação atinge os corpos
dos intérpretes transportando-os para outros lugares, estabelece canais de
comunicações onde o passado, presente e futuro se reelaboram a cada
instante durante o percurso itinerante da obra. Renovam a memória e trazem
á tona o quanto os acontecimentos do mundo contemporâneo se
estabelecem por coimplicações, construídos pelas relações entre as
pessoas, suas interpretações visuais e imaginárias no plano da cultura e das
inscrições históricas (D’ALÈSSIO, 2007). Por isso mesmo, atravessam o
tempo e reverberam no mundo atual. Mesmo sem a presença corpórea dos
acontecimentos do Sec. XlX, os rastros que os constituíram
impulsionam a memória corporal e instigam a revisitação de lugares
sempre que nos deparamos com certas espacialidades, visualidades e as
comunicações que ali confabulam. Surpreendem, comunicam e
impulsionam outras visualizações e entendimentos complexos dos
acontecimentos do mundo que alimentam a expressividade e os significados.
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